Soja da Vanguarda Agro cresce sobre campos minados

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Dois anos. Esse foi o período que durou o cessar-fogo societário na Vanguarda Agro. Após uma trégua calculada ao longo do processo de reestruturação, o fundador da companhia, Otaviano Pivetta, está de volta ao front com munição redobrada. Se, em 2012, o fuzilado foi o investidor espanhol Enrique Bañuelos, obrigado a vender sua participação após atritos com o empresário, o alvo agora é Helio Seibel, dono de 12,6% do capital ordinário. Pivetta estaria articulando a compra das ações da Vanguarda em poder do Gávea Investimentos e da Pollux Capital, que, juntos, detêm cerca de 19%. Trata-se de um tiro em ricochete: o empresário mira nos fundos de investimentos para acertar Seibel. Com a dupla aquisição, Pivetta saltaria dos atuais 16% para mais de 30% do capital votante, tornando-se disparadamente o maior acionista individual da empresa. Procurada pelo RR, a Vanguarda Agro não quis se pronunciar.

Nesta posição privilegiada, teria maiores chances de compor com os minoritários, isolar seu antagonista na administração da Vanguarda Agro e, no que seria o grand finale, forçar sua saída da companhia – um script que guarda semelhanças com o processo que culminou no expurgo de Enrique Bañuelos. Este é um duelo de alto calibre. Um dos maiores produtores rurais do Centro- Oeste e prefeito de Lucas do Rio Verde (MT), onde brota soja até no asfalto, Otaviano Pivetta quer recuperar o espaço que perdeu na Vanguarda Agro após a abertura de capital da empresa. Tem do outro lado um adversário de respeito: Helio Seibel é um dos maiores acionistas da Duratex, ao lado dos Setúbal, e sócio da francesa Leroy Merlin no Brasil. A rigor, Pivetta não enfrenta apenas um, mas dois Seibel. Na Vanguarda Agro, Helio tem a seu lado o irmão, Salo. Juntos, os Seibel Bros. controlam 20,5% da empresa produtora de grãos. Salo, inclusive, é o presidente do Conselho de Administração da empresa.

O duelo societário, não por acaso, se dá em um momento decisivo para a Vanguarda Agro. A companhia está às voltas com um de seus maiores projetos de expansão, que prevê a criação de um braço de investimento em propriedades rurais – ver RR edição nº 4.872. Este movimento combina, a um só tempo, diversificação estratégica e reforço do core business. Ao ter suas próprias terras, a empresa espera duplicar sua área plantada, hoje em torno de 300 mil hectares. Parte dos recursos para a empreitada deverá vir de financiamentos do Banco do Brasil e do BNDES. O pedetista Otaviano Pivetta tem ótimo trânsito no governo federal. Aliás, na companhia, chegou-se a cogitar a possibilidade de aumento de capital para bancar a criação da nova subsidiária. No entanto, entre os acionistas, a sensação é que o real objetivo de Pivetta seria aproveitar a capitalização para diluir a participação dos minoritários.

 

Fonte: Blog IG Relatório Reservado