Haddad evita falar de demissão, mas elogia saúde financeira da Petrobras

A semana começou com uma menor pressão sobre o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, o que sinaliza a garantia de sua permanência no cargo, ao menos por enquanto. No Palácio do Planalto, ontem, o que se ouvia de auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva era que “a poeira baixou”.

O desenho da reunião marcada e desmarcada do último domingo — na qual participariam os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Silveira (Minas e Energia) — não ocorreu ontem. Lula se reuniu apenas com Haddad, durante meia hora no início da noite. Antes do encontro, o ministro garantiu que não trataria do tema de saída ou não de Prates com o presidente.

“Não é da minha alçada. Eu não discuto isso (sucessão na estatal) com o presidente. O que eu discuto com o presidente são cenários econômicos da empresa e do Executivo”, disse Haddad, que deu sinalizações de que o debate sobre a distribuição dos dividendos — que vinha sendo ponto de discórdia do presidente da Petrobras com parte do governo — está equacionado.

Ao ser questionado sobre o assunto de dividendos, Haddad afirmou que a Petrobras é que decide, mas acredita que “está bem encaminhado”, o que sinaliza estar mais a par do que ocorre internamente na empresa do que suas palavras revelam. E seguiu:

“A gente tem levado muitas informações para o presidente Lula sobre a situação do caixa da Petrobras. Tenho falado com alguns diretores e conselheiros para que o presidente tenha tranquilidade, que o plano de investimento da Petrobras não vai ser prejudicado por falta de dinheiro. Não é esse o problema”, disse.

Haddad acrescentou que essa situação de equilíbrio financeiro vai dar segurança para que os conselheiros da estatal decidam sobre os dividendos extraordinários. “Isso vai dar segurança e tranquilidade para que os conselheiros da Petrobras decidam com tranquilidade. Está bem encaminhado isso. Os números estão chegando, estão consistentes com o que imaginávamos que era a situação do caixa da Petrobras. A empresa está robusta. Está com um bom caixa. Está com um bom plano de investimento”, completou.

Empresa dilapidada

O ministro seguiu explanando sobre os planos na Petrobras aos jornalistas e disse que o desafio é “porque a empresa não estava mais sendo preparada para investir” e que estava “sendo dilapidada”.

“Agora, tem a reversão desse quadro, para o bem do Brasil e da empresa. São investimentos rentáveis”.

Haddad é tido como um aliado de Prates e quem estaria defendendo sua permanência no comando da empresa. Um pedido de Lula foi atendido, ao menos ontem, de que essa crise que envolve o dirigente da estatal e Alexandre Silveira, especialmente, não alcançasse o noticiário. Ou seja, que nenhum deles emitisse declarações sobre o assunto.

Os últimos dias foram de turbulência. A saída do presidente da Petrobras era dada como certa, e nomes foram especulados para seu lugar, como o do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante. Nos bastidores, interlocutores do Planalto trataram como “açodamento” a circulação dessa informação, vazamento atribuído ao próprio dirigente do BNDES.

Haddad disse ter tratado com Lula da reforma tributária. O Executivo deve enviar, semana que vem, ao Congresso Nacional, os textos dos projetos que complementarão essa emenda constitucional, aprovada no final do ano passada na Câmara. O ministro informou que a reforma seria o principal assunto de sua conversa com o presidente.

“Precisamos fechar alguns temas da reforma. Estamos nas últimas reuniões para preparar o despacho para o presidente. Vai sair do Executivo, vai passar pelo Congresso e vai sofrer todo tipo de sugestão, recomendação e pressão. A mensagem (enviada ao Congresso) é assinada pelo presidente. Tem pontos mais sensíveis. Importante que ele conheça antes de encaminhar”, disse Haddad.

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