Dívidas pesam sobre o teto da João Fortes

O prejuízo de R$ 62 milhões da João Fortes Engenharia no primeiro semestre machuca, mas está longe de tirar o sono – a empresa acumula um ganho de R$ 300 milhões nos últimos cinco anos. A queda de receita de 15% no segundo trimestre também é do jogo; vai para a conta da desaceleração do setor. A espinha que realmente está atravessada na garganta de Antônio José Carneiro, o “Bode”, dono da construtora, é o crescente endividamento da empresa. Desde o fim de 2012, o passivo mais do que duplicou, ultrapassando a marca de R$ 1,5 bilhão. Procurada pelo RR, a João Fortes não se pronunciou.


No intervalo de dois anos, a relação dívida/patrimônio líquido passou de 1,32 para 1,86. Trata-se do segundo maior índice de alavancagem entre todas as incorporadoras listadas em Bolsa. Se bem que, para muitos no mercado, o primeiro lugar neste indesejável ranking nem conta, de tão fora da curva que é: a paulista Viver tem uma dívida cinco vezes superior ao patrimônio. “Bode” está com uma navalha em cada mão. Neste momento, abater a dívida é tão prioritário quanto vender imóveis. Nos próximos meses, a João Fortes deverá reduzir seu banco de terrenos em aproximadamente 10% – hoje, estas propriedades somam R$ 3,5 bilhões.
Os recursos serão integralmente destinados à amortização do passivo. Com o mesmo objetivo, a construtora vai adotar uma agressiva política comercial para desovar seus estoques: os imóveis já concluídos e ainda encalhados, somam quase R$ 1,5 bilhão. A maior preocupação da João Fortes é impedir que o nível de alavancagem rompa a barreira do “dois para um” em relação ao patrimônio, o que teria um impacto extremamente negativo sobre o custo de financiamento da construtora. Mesmo porque as perspectivas para a oferta de crédito ao setor em 2015 não são nada auspiciosas.

 

Fonte: Blog IG Relatório Reservado