O ministro das Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que não há impedimentos políticos para o pagamento de 100% dos dividendos extraordinários da Petrobras, mas pontuou que o governo ainda não tem uma decisão fechada sobre o tema. Para ele, o equilíbrio fiscal é um ponto a ser considerado na decisão de pagar, ou não, esses valores da petroleira.

“Não existe uma decisão tomada até agora, até esse minuto, o que me impede de anunciar o que vai ser decidido. Mas não há, por nossa parte, nenhum óbice político, muito pelo contrário, isso é uma questão objetiva, uma questão que tem que se considerar”, disse Silveira.

Na declaração, dada nesta quinta-feira (18/2), em um evento sobre gás natural, em Brasília, o ministro disse claramente que o alívio nas contas públicas com o pagamento dos dividendos vai pesar na decisão do governo.

“Eu entendo que a Fazenda é relevante nessa decisão em consequência da questão fiscal. É importante que a gente, cada vez mais, sinalize para as contas públicas, para que a gente mantenha uma política de continuidade, de diminuição dos juros. Faremos isso de forma extremamente serena e equilibrada para buscar, assim, uma decisão que ao mesmo tempo seja confortável com o plano de investimento da Petrobras sendo cumprido e, por outro lado, atenda ao interesse de equilíbrio fiscal, que é fundamental para o crescimento nacional”, ponderou o ministro.

Para Silveira, a recente crise na estatal sobre os dividendos foi “mais barulho” em decorrência de ação especulativa do que algo real que tenha acontecido na empresa.

“Eu digo que houve muito mais barulho do que fatos nessa questão toda da Petrobras. A empresa sempre foi respeitada na sua governança, os dividendos ordinários, que são obrigatórios, foram divididos, e os dividendos extraordinários foram para uma conta própria e que só pode ser utilizada para o pagamento de dividendos, não pode ter outra utilização”, frisou.

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A Operação Lava-Jato dividiu o plenário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Entre os 15 membros, oito votaram contra o afastamento dos juízes Danilo Pereira Júnior e Gabriela Hardt (atual e ex-titular da Vara da Lava-Jato em Curitiba), nos moldes da posição defendida pelo presidente do CNJ e do Supremo Tribunal Federal (STF), Luis Roberto Barroso. Sete conselheiros concordaram com a deliberação do corregedor nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão, do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

O placar apertado manteve Hardt e Pereira em suas funções. Mas os desembargadores federais Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz e Loraci Flores de Lima, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), não tiveram a mesma sorte. Por nove votos a seis, prevaleceu a decisão de Salomão de afastamento cautelar dos magistrados por supostas irregularidades em julgamentos envolvendo a Lava-Jato, com descumprimento de decisões do STF.

A divisão do CNJ mostra como a maior operação de combate à corrupção do país conquistou amor e ódio, elogios e críticas, na mesma proporção. Barroso e Salomão defenderam suas opiniões com veemência. “Considero que foi medida ilegítima, arbitrária e desnecessária o afastamento dos juízes por decisão monocrática sem deliberação da maioria e sem nenhuma urgência que não pudesse aguardar 24h para ser submetida a esse plenário. Entendo que tal decisão contrariou frontalmente decisão do STF”, declarou o presidente do CNJ, que pediu vista quanto à abertura de processo administrativo disciplinar para apreciar o caso.

Barroso ressaltou que recebeu várias manifestações de associações de magistrados que defenderam a permanência dos juízes e ressaltou que, em 30 anos na advocacia, nunca ouviu qualquer rumor quanto à honestidade de Gabriela Hardt. “(Essa juíza) que todos dizem ter reputação ilibada, ser dedicadíssima, seríssima, não é uma pessoa que, no meio jurídico, quem é do ramo, eu fui advogado 30 anos, todo mundo sabe quem é quem”, afirmou. “Quando o juiz é incorreto, tem má fama, todo mundo sabe. Essa moça não tinha absolutamente nenhuma mácula sobre a carreira dela, para ser sumariamente afastada”, acrescentou.

Salomão, por sua vez, apontou indícios de prática de crimes como corrupção, peculato e desvios de recursos na homologação de uma fundação que ficaria encarregada de gerir recursos bilionários obtidos por meio de acordos de leniência no âmbito da Operação Lava-Jato. A entidade nunca chegou a ser criada, mas teve o aval de Gabriela Hardt.

Em seu voto pelo afastamento dos juízes, Salomão citou a frustração pelos rumos da Operação Lava-Jato. “É bem verdade que a denominada ‘Operação Lava-Jato’ desbaratou um dos maiores esquemas de corrupção do país, vitimando a Petrobras, também seu maior acionista a União Federal, centenas de acionistas minoritários da empresa, além de terceiros atingidos direta e indiretamente pelas práticas criminosas’, afirmou o corregedor nacional de Justiça.

Salomão conclui: “No entanto, constatou-se — com enorme frustração — que, em dado momento, tal como apurado no curso dos trabalhos, a ideia de combate a corrupção foi transformada em uma espécie de ‘cash back’ para interesses privados, ao que tudo indica com a chancela e participação dos ora reclamados. Portanto, não se trata de pura atuação judicante, mas sim uma atividade que utiliza a jurisdição para outros interesses específicos, não apenas políticos (como restou notório), mas também — e inclusive — obtenção de recursos”.

Gabriela Hardt é tão combatida por defensores do presidente Lula, como seu antecessor, o hoje senador Sérgio Moro (União-PR). Na última segunda-feira, quando foi afastada de suas funções de forma cautelar pelo corregedor nacional de Justiça, um vídeo da audiência em que a juíza interrogou o presidente Lula, então réu da Operação Lava-Jato, circulou em vários perfis nas redes sociais, com comentários apontando a suposta arrogância da magistrada que tentava conduzir o depoimento. “Doutor, e assim, senhor ex-presidente, esse é um interrogatório e se o senhor começar nesse tom comigo a gente vai ter problema”, afirmou Hardt.

Na ocasião, Lula era ex-presidente e estava representado na audiência pelo então advogado Cristiano Zanin, hoje ministro do STF, nomeado pelo presidente. A juíza condenou Lula a 12 anos e 11 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, em processo que posteriormente foi anulado pelo Supremo.

Apesar de ter permanecido no cargo, Gabriela Hardt e Danilo Pereira Júnior estão bem distantes do desfecho do caso. Barroso pediu vista do pedido de abertura de processo administrativo disciplinar, mas, assim que a análise for retomada, é bem possível que a investigação seja aberta, com provável aplicação de penalidade. Contra Sérgio Moro também há um pedido de investigação. Embora ele não seja mais magistrado, na visão de Salomão, poderá pagar com inelegibilidade por eventuais atos praticados na 13ª Vara Federal de Curitiba.

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O governo Luiz Inácio Lula da Silva quer importar gás natural da reserva de Vaca Muerta, na Argentina, para garantir o abastecimento das indústrias brasileiras e estuda formas técnicas de fazer essa operação. Existe uma forte preocupação em termos de oferta, porque a Bolívia, principal fornecedor, está com uma produção decrescente. Uma das saídas é usar a parte ociosa do Gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol) para trazer o gás argentino.

Hoje, os bolivianos só enviam ao Brasil 15 milhões de metros cúbicos (m3) por dia, quando deveriam entregar 30 milhões m³/dia. E o Brasil tem uma carência no fornecimento. O gás doméstico é caro e insuficiente, na avaliação do governo.

Porém, as duas possibilidades em estudo para trazer ao Brasil o gás argentino dependem da conclusão da segunda parte do Gasoduto Néstor Kirchner, que liga a região de Vaca Muerta, a partir da província de Buenos Aires, até Uruguaiana (RS).

No ano passado, quando o país era presidido por Alberto Fernández, a previsão era que as obras fossem concluídas até o fim de 2024 ou início de 2025. Mas o novo presidente argentino, Javier Milei, ainda não sinalizou se há interesse na obra ou em manter o prazo estimado.

Salto na produção

Dentro do governo Milei, há um grande defensor dessa integração com o Brasil: o ex-embaixador da Argentina em Brasília Daniel Scioli, atualmente secretário de Turismo, Ambiente e Esportes do Ministério do Interior. O Brasil conta com o ex-embaixador para garantir a continuidade da obra. Procurado pelo GLOBO, Scioli não se manifestou sobre a ampliação do gasoduto.

Concluída a segunda etapa do duto argentino, o gás poderia chegar ao Brasil por dois caminhos. O primeiro seria usando uma parte ociosa do Gasbol, inclusive pagando um pedágio aos bolivianos pela passagem. O gás viria ao Brasil por meio de uma conexão entre os gasodutos Norte e Néstor Kirchner.

Disputa pelo comando da Petrobras:

‘Machucado’ e ‘no limite’: o desabafo do presidente da Petrobras a amigos

Prates faz piada: posta que sai da Petrobras… hoje às 20h e volta amanhã às 7h

Disputa em torno do comando da Petrobras cria apreensão no conselho, que teme paralisia na estatal

Haddad, que sempre foi escudo de Prates na Petrobras, não será mais seu fiador

Ministros de Lula selam acordo pelo pagamento de dividendos extras da Petrobras

Maior empresa privada de energia da Argentina e maior produtora privada do gás de Vaca Muerta, a Pan American Energy (PAE) vê como importante os investimentos na ampliação da malha de gasodutos do país vizinho.

Segundo Alejandro Catalano, diretor-geral da PAE no Brasil, o gás de Vaca Muerta, segunda maior reserva de gás não convencional do mundo, tem ainda um grande potencial de crescimento.

Gás chegaria ao Brasil em 2025

Ele lembra que a produção da companhia aumentou de 2,5 milhões m3 por dia em 2015 para 13 milhões m3 cúbicos por dia em 2023. Ao citar a importância da infraestrutura, lembrou que parte da produção já é exportada para o Chile, por meio de quatro diferentes redes de gasodutos.

— A Argentina tem gás competitivo. Tem que ser feita infraestrutura para compartilhar esse gás com a região. Acreditamos que isso vai acontecer. É uma fonte competitiva para a região e a integração dos países. O gás é a ponte para o futuro — afirma Catalano.

Segundo ele, a Argentina tem investido na ampliação da infraestrutura. Ele cita a inauguração da Etapa I do Gasoduto Néstor Kirchner, conectando a região de Vaca Muerta a Saliqueló, na província de Buenos Aires.

Cita ainda a perspectiva de início das obras da Etapa II do gasoduto, de Saliqueló até San Jerónimo, de onde teria de ser feita uma ampliação para levar o traçado até o gasoduto que faz a conexão com a cidade gaúcha de Uruguaiana.

Catalano lembra ainda outro investimento importante que será feito este ano: a inversão do Gasoduto Norte na Argentina. Isso permitirá direcionar o gás para a Bolívia, cuja molécula, então, poderá ser integrada ao Gasbol:

— Potencialmente esse gás poderia chegar ao Brasil em 2025. Apesar da complexidade de ter mais países envolvidos, há necessidade de um gás competitivo. Por isso, acreditamos que é possível uma negociação.

A segunda possibilidade seria via Rio Grande do Sul. O gás entraria no estado, mas para isso seria necessário construir um gasoduto de Uruguaiana até Porto Alegre. A obra foi considerada prioritária no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) pelo governador Eduardo Leite.

Inversão do fluxo

Segundo empresas ouvidas pelo GLOBO, o desafio é o investimento necessário para isso. A obra, orçada entre US$ 1 bilhão e US$ 1,2 bilhão, nunca saiu do papel.

A TSB, que opera o trecho de 25 quilômetros que liga a malha argentina até Uruguaiana e o trecho em Porto Alegre, tem como acionistas Petrobras, Ipiranga, Repsol e Total. Cada uma tem 25% da empresa. Procurada, a Petrobras disse apenas que não é a controladora.

Se a ligação entre Uruguaiana e Porto Alegre sair do papel, outra questão importante é que será preciso ajustar o Gasbol. Hoje, o gasoduto é uma “via de mão única”, seguindo do Mato Grosso do Sul em direção ao Rio Grande do Sul. Esse fluxo também teria que subir, passando a levar o gás da Região Sul para cima, para atender Minas Gerais, por exemplo, tornando-se uma espécie de pista dupla.

Um interlocutor do governo comentou que há empresas brasileiras interessadas em fornecer equipamentos, como canos, para a construção do gasoduto na Argentina. Mas, se quiserem realizar a obra, não poderão contar com a ajuda do BNDES, que atualmente só financia produtos e mediante apresentação de garantias. Um interlocutor do banco de fomento enfatizou que a liberação de recursos para financiamento de serviços está suspensa.

Elevada reinjeção

Segundo dados do Ministério de Minas e Energia, o Brasil produziu 130 milhões m3 de gás natural por dia em 2023. Entretanto, metade desse volume, ou o equivalente a 70 milhões m³, foi reinjetado, ou seja, voltou para o poço.

Outros 20 milhões não são comercializados no mercado brasileiro devido à queima, a perdas e ao consumo nas próprias plataformas. Com isso, sobram 40 milhões m³ para uma demanda interna estimada em 60 milhões m³ ao dia.

— Vaca Muerta é uma boa saída. Mais de 90% do mercado são dominados pela Petrobras. Como há pouquíssima competição, a empresa forma o preço. Um novo competidor seria muito interessante para nós — afirma Adriano Lorenzon, diretor responsável por gás natural da Abrace, associação que representa os grandes consumidores de gás e energia do Brasil.

Lorenzon explica que há algumas explicações para que os produtores reinjetem tamanha quantidade de gás. Uma delas é que o mecanismo aumenta a pressão e amplia a produção de petróleo. Outra é que o nível de contaminantes, com ênfase para o CO2, é muito alto.

Para construir a segunda parte do gasoduto, o governo anterior da Argentina anunciou que faria uma licitação. Um integrante do governo brasileiro acredita que Milei poderá abraçar a ideia, dadas as dificuldades econômicas perenes do país vizinho.

O governo Luiz Inácio Lula da Silva quer importar gás natural da reserva de Vaca Muerta, na Argentina, para garantir o abastecimento das indústrias brasileiras e estuda formas técnicas de fazer essa operação. Existe uma forte preocupação em termos de oferta, porque a Bolívia, principal fornecedor, está com uma produção decrescente. Uma das saídas é usar a parte ociosa do Gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol) para trazer o gás argentino.

Hoje, os bolivianos só enviam ao Brasil 15 milhões de metros cúbicos (m3) por dia, quando deveriam entregar 30 milhões m³/dia. E o Brasil tem uma carência no fornecimento. O gás doméstico é caro e insuficiente, na avaliação do governo.

Porém, as duas possibilidades em estudo para trazer ao Brasil o gás argentino dependem da conclusão da segunda parte do Gasoduto Néstor Kirchner, que liga a região de Vaca Muerta, a partir da província de Buenos Aires, até Uruguaiana (RS).

No ano passado, quando o país era presidido por Alberto Fernández, a previsão era que as obras fossem concluídas até o fim de 2024 ou início de 2025. Mas o novo presidente argentino, Javier Milei, ainda não sinalizou se há interesse na obra ou em manter o prazo estimado.

Salto na produção

Dentro do governo Milei, há um grande defensor dessa integração com o Brasil: o ex-embaixador da Argentina em Brasília Daniel Scioli, atualmente secretário de Turismo, Ambiente e Esportes do Ministério do Interior. O Brasil conta com o ex-embaixador para garantir a continuidade da obra. Procurado pelo GLOBO, Scioli não se manifestou sobre a ampliação do gasoduto.

Concluída a segunda etapa do duto argentino, o gás poderia chegar ao Brasil por dois caminhos. O primeiro seria usando uma parte ociosa do Gasbol, inclusive pagando um pedágio aos bolivianos pela passagem. O gás viria ao Brasil por meio de uma conexão entre os gasodutos Norte e Néstor Kirchner.

Disputa pelo comando da Petrobras:

‘Machucado’ e ‘no limite’: o desabafo do presidente da Petrobras a amigos

Prates faz piada: posta que sai da Petrobras… hoje às 20h e volta amanhã às 7h

Disputa em torno do comando da Petrobras cria apreensão no conselho, que teme paralisia na estatal

Haddad, que sempre foi escudo de Prates na Petrobras, não será mais seu fiador

Ministros de Lula selam acordo pelo pagamento de dividendos extras da Petrobras

Maior empresa privada de energia da Argentina e maior produtora privada do gás de Vaca Muerta, a Pan American Energy (PAE) vê como importante os investimentos na ampliação da malha de gasodutos do país vizinho.

Segundo Alejandro Catalano, diretor-geral da PAE no Brasil, o gás de Vaca Muerta, segunda maior reserva de gás não convencional do mundo, tem ainda um grande potencial de crescimento.

Gás chegaria ao Brasil em 2025

Ele lembra que a produção da companhia aumentou de 2,5 milhões m3 por dia em 2015 para 13 milhões m3 cúbicos por dia em 2023. Ao citar a importância da infraestrutura, lembrou que parte da produção já é exportada para o Chile, por meio de quatro diferentes redes de gasodutos.

— A Argentina tem gás competitivo. Tem que ser feita infraestrutura para compartilhar esse gás com a região. Acreditamos que isso vai acontecer. É uma fonte competitiva para a região e a integração dos países. O gás é a ponte para o futuro — afirma Catalano.

Segundo ele, a Argentina tem investido na ampliação da infraestrutura. Ele cita a inauguração da Etapa I do Gasoduto Néstor Kirchner, conectando a região de Vaca Muerta a Saliqueló, na província de Buenos Aires.

Cita ainda a perspectiva de início das obras da Etapa II do gasoduto, de Saliqueló até San Jerónimo, de onde teria de ser feita uma ampliação para levar o traçado até o gasoduto que faz a conexão com a cidade gaúcha de Uruguaiana.

Catalano lembra ainda outro investimento importante que será feito este ano: a inversão do Gasoduto Norte na Argentina. Isso permitirá direcionar o gás para a Bolívia, cuja molécula, então, poderá ser integrada ao Gasbol:

— Potencialmente esse gás poderia chegar ao Brasil em 2025. Apesar da complexidade de ter mais países envolvidos, há necessidade de um gás competitivo. Por isso, acreditamos que é possível uma negociação.

A segunda possibilidade seria via Rio Grande do Sul. O gás entraria no estado, mas para isso seria necessário construir um gasoduto de Uruguaiana até Porto Alegre. A obra foi considerada prioritária no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) pelo governador Eduardo Leite.

Inversão do fluxo

Segundo empresas ouvidas pelo GLOBO, o desafio é o investimento necessário para isso. A obra, orçada entre US$ 1 bilhão e US$ 1,2 bilhão, nunca saiu do papel.

A TSB, que opera o trecho de 25 quilômetros que liga a malha argentina até Uruguaiana e o trecho em Porto Alegre, tem como acionistas Petrobras, Ipiranga, Repsol e Total. Cada uma tem 25% da empresa. Procurada, a Petrobras disse apenas que não é a controladora.

Se a ligação entre Uruguaiana e Porto Alegre sair do papel, outra questão importante é que será preciso ajustar o Gasbol. Hoje, o gasoduto é uma “via de mão única”, seguindo do Mato Grosso do Sul em direção ao Rio Grande do Sul. Esse fluxo também teria que subir, passando a levar o gás da Região Sul para cima, para atender Minas Gerais, por exemplo, tornando-se uma espécie de pista dupla.

Um interlocutor do governo comentou que há empresas brasileiras interessadas em fornecer equipamentos, como canos, para a construção do gasoduto na Argentina. Mas, se quiserem realizar a obra, não poderão contar com a ajuda do BNDES, que atualmente só financia produtos e mediante apresentação de garantias. Um interlocutor do banco de fomento enfatizou que a liberação de recursos para financiamento de serviços está suspensa.

Elevada reinjeção

Segundo dados do Ministério de Minas e Energia, o Brasil produziu 130 milhões m3 de gás natural por dia em 2023. Entretanto, metade desse volume, ou o equivalente a 70 milhões m³, foi reinjetado, ou seja, voltou para o poço.

Outros 20 milhões não são comercializados no mercado brasileiro devido à queima, a perdas e ao consumo nas próprias plataformas. Com isso, sobram 40 milhões m³ para uma demanda interna estimada em 60 milhões m³ ao dia.

— Vaca Muerta é uma boa saída. Mais de 90% do mercado são dominados pela Petrobras. Como há pouquíssima competição, a empresa forma o preço. Um novo competidor seria muito interessante para nós — afirma Adriano Lorenzon, diretor responsável por gás natural da Abrace, associação que representa os grandes consumidores de gás e energia do Brasil.

Lorenzon explica que há algumas explicações para que os produtores reinjetem tamanha quantidade de gás. Uma delas é que o mecanismo aumenta a pressão e amplia a produção de petróleo. Outra é que o nível de contaminantes, com ênfase para o CO2, é muito alto.

Para construir a segunda parte do gasoduto, o governo anterior da Argentina anunciou que faria uma licitação. Um integrante do governo brasileiro acredita que Milei poderá abraçar a ideia, dadas as dificuldades econômicas perenes do país vizinho.

O governo Luiz Inácio Lula da Silva quer importar gás natural da reserva de Vaca Muerta, na Argentina, para garantir o abastecimento das indústrias brasileiras e estuda formas técnicas de fazer essa operação. Existe uma forte preocupação em termos de oferta, porque a Bolívia, principal fornecedor, está com uma produção decrescente. Uma das saídas é usar a parte ociosa do Gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol) para trazer o gás argentino.

Hoje, os bolivianos só enviam ao Brasil 15 milhões de metros cúbicos (m3) por dia, quando deveriam entregar 30 milhões m³/dia. E o Brasil tem uma carência no fornecimento. O gás doméstico é caro e insuficiente, na avaliação do governo.

Porém, as duas possibilidades em estudo para trazer ao Brasil o gás argentino dependem da conclusão da segunda parte do Gasoduto Néstor Kirchner, que liga a região de Vaca Muerta, a partir da província de Buenos Aires, até Uruguaiana (RS).

No ano passado, quando o país era presidido por Alberto Fernández, a previsão era que as obras fossem concluídas até o fim de 2024 ou início de 2025. Mas o novo presidente argentino, Javier Milei, ainda não sinalizou se há interesse na obra ou em manter o prazo estimado.

Salto na produção

Dentro do governo Milei, há um grande defensor dessa integração com o Brasil: o ex-embaixador da Argentina em Brasília Daniel Scioli, atualmente secretário de Turismo, Ambiente e Esportes do Ministério do Interior. O Brasil conta com o ex-embaixador para garantir a continuidade da obra. Procurado pelo GLOBO, Scioli não se manifestou sobre a ampliação do gasoduto.

Concluída a segunda etapa do duto argentino, o gás poderia chegar ao Brasil por dois caminhos. O primeiro seria usando uma parte ociosa do Gasbol, inclusive pagando um pedágio aos bolivianos pela passagem. O gás viria ao Brasil por meio de uma conexão entre os gasodutos Norte e Néstor Kirchner.

Disputa pelo comando da Petrobras:

‘Machucado’ e ‘no limite’: o desabafo do presidente da Petrobras a amigos

Prates faz piada: posta que sai da Petrobras… hoje às 20h e volta amanhã às 7h

Disputa em torno do comando da Petrobras cria apreensão no conselho, que teme paralisia na estatal

Haddad, que sempre foi escudo de Prates na Petrobras, não será mais seu fiador

Ministros de Lula selam acordo pelo pagamento de dividendos extras da Petrobras

Maior empresa privada de energia da Argentina e maior produtora privada do gás de Vaca Muerta, a Pan American Energy (PAE) vê como importante os investimentos na ampliação da malha de gasodutos do país vizinho.

Segundo Alejandro Catalano, diretor-geral da PAE no Brasil, o gás de Vaca Muerta, segunda maior reserva de gás não convencional do mundo, tem ainda um grande potencial de crescimento.

Gás chegaria ao Brasil em 2025

Ele lembra que a produção da companhia aumentou de 2,5 milhões m3 por dia em 2015 para 13 milhões m3 cúbicos por dia em 2023. Ao citar a importância da infraestrutura, lembrou que parte da produção já é exportada para o Chile, por meio de quatro diferentes redes de gasodutos.

— A Argentina tem gás competitivo. Tem que ser feita infraestrutura para compartilhar esse gás com a região. Acreditamos que isso vai acontecer. É uma fonte competitiva para a região e a integração dos países. O gás é a ponte para o futuro — afirma Catalano.

Segundo ele, a Argentina tem investido na ampliação da infraestrutura. Ele cita a inauguração da Etapa I do Gasoduto Néstor Kirchner, conectando a região de Vaca Muerta a Saliqueló, na província de Buenos Aires.

Cita ainda a perspectiva de início das obras da Etapa II do gasoduto, de Saliqueló até San Jerónimo, de onde teria de ser feita uma ampliação para levar o traçado até o gasoduto que faz a conexão com a cidade gaúcha de Uruguaiana.

Catalano lembra ainda outro investimento importante que será feito este ano: a inversão do Gasoduto Norte na Argentina. Isso permitirá direcionar o gás para a Bolívia, cuja molécula, então, poderá ser integrada ao Gasbol:

— Potencialmente esse gás poderia chegar ao Brasil em 2025. Apesar da complexidade de ter mais países envolvidos, há necessidade de um gás competitivo. Por isso, acreditamos que é possível uma negociação.

A segunda possibilidade seria via Rio Grande do Sul. O gás entraria no estado, mas para isso seria necessário construir um gasoduto de Uruguaiana até Porto Alegre. A obra foi considerada prioritária no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) pelo governador Eduardo Leite.

Inversão do fluxo

Segundo empresas ouvidas pelo GLOBO, o desafio é o investimento necessário para isso. A obra, orçada entre US$ 1 bilhão e US$ 1,2 bilhão, nunca saiu do papel.

A TSB, que opera o trecho de 25 quilômetros que liga a malha argentina até Uruguaiana e o trecho em Porto Alegre, tem como acionistas Petrobras, Ipiranga, Repsol e Total. Cada uma tem 25% da empresa. Procurada, a Petrobras disse apenas que não é a controladora.

Se a ligação entre Uruguaiana e Porto Alegre sair do papel, outra questão importante é que será preciso ajustar o Gasbol. Hoje, o gasoduto é uma “via de mão única”, seguindo do Mato Grosso do Sul em direção ao Rio Grande do Sul. Esse fluxo também teria que subir, passando a levar o gás da Região Sul para cima, para atender Minas Gerais, por exemplo, tornando-se uma espécie de pista dupla.

Um interlocutor do governo comentou que há empresas brasileiras interessadas em fornecer equipamentos, como canos, para a construção do gasoduto na Argentina. Mas, se quiserem realizar a obra, não poderão contar com a ajuda do BNDES, que atualmente só financia produtos e mediante apresentação de garantias. Um interlocutor do banco de fomento enfatizou que a liberação de recursos para financiamento de serviços está suspensa.

Elevada reinjeção

Segundo dados do Ministério de Minas e Energia, o Brasil produziu 130 milhões m3 de gás natural por dia em 2023. Entretanto, metade desse volume, ou o equivalente a 70 milhões m³, foi reinjetado, ou seja, voltou para o poço.

Outros 20 milhões não são comercializados no mercado brasileiro devido à queima, a perdas e ao consumo nas próprias plataformas. Com isso, sobram 40 milhões m³ para uma demanda interna estimada em 60 milhões m³ ao dia.

— Vaca Muerta é uma boa saída. Mais de 90% do mercado são dominados pela Petrobras. Como há pouquíssima competição, a empresa forma o preço. Um novo competidor seria muito interessante para nós — afirma Adriano Lorenzon, diretor responsável por gás natural da Abrace, associação que representa os grandes consumidores de gás e energia do Brasil.

Lorenzon explica que há algumas explicações para que os produtores reinjetem tamanha quantidade de gás. Uma delas é que o mecanismo aumenta a pressão e amplia a produção de petróleo. Outra é que o nível de contaminantes, com ênfase para o CO2, é muito alto.

Para construir a segunda parte do gasoduto, o governo anterior da Argentina anunciou que faria uma licitação. Um integrante do governo brasileiro acredita que Milei poderá abraçar a ideia, dadas as dificuldades econômicas perenes do país vizinho.

O governo Luiz Inácio Lula da Silva quer importar gás natural da reserva de Vaca Muerta, na Argentina, para garantir o abastecimento das indústrias brasileiras e estuda formas técnicas de fazer essa operação. Existe uma forte preocupação em termos de oferta, porque a Bolívia, principal fornecedor, está com uma produção decrescente. Uma das saídas é usar a parte ociosa do Gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol) para trazer o gás argentino.

Hoje, os bolivianos só enviam ao Brasil 15 milhões de metros cúbicos (m3) por dia, quando deveriam entregar 30 milhões m³/dia. E o Brasil tem uma carência no fornecimento. O gás doméstico é caro e insuficiente, na avaliação do governo.

Porém, as duas possibilidades em estudo para trazer ao Brasil o gás argentino dependem da conclusão da segunda parte do Gasoduto Néstor Kirchner, que liga a região de Vaca Muerta, a partir da província de Buenos Aires, até Uruguaiana (RS).

No ano passado, quando o país era presidido por Alberto Fernández, a previsão era que as obras fossem concluídas até o fim de 2024 ou início de 2025. Mas o novo presidente argentino, Javier Milei, ainda não sinalizou se há interesse na obra ou em manter o prazo estimado.

Salto na produção

Dentro do governo Milei, há um grande defensor dessa integração com o Brasil: o ex-embaixador da Argentina em Brasília Daniel Scioli, atualmente secretário de Turismo, Ambiente e Esportes do Ministério do Interior. O Brasil conta com o ex-embaixador para garantir a continuidade da obra. Procurado pelo GLOBO, Scioli não se manifestou sobre a ampliação do gasoduto.

Concluída a segunda etapa do duto argentino, o gás poderia chegar ao Brasil por dois caminhos. O primeiro seria usando uma parte ociosa do Gasbol, inclusive pagando um pedágio aos bolivianos pela passagem. O gás viria ao Brasil por meio de uma conexão entre os gasodutos Norte e Néstor Kirchner.

Disputa pelo comando da Petrobras:

‘Machucado’ e ‘no limite’: o desabafo do presidente da Petrobras a amigos

Prates faz piada: posta que sai da Petrobras… hoje às 20h e volta amanhã às 7h

Disputa em torno do comando da Petrobras cria apreensão no conselho, que teme paralisia na estatal

Haddad, que sempre foi escudo de Prates na Petrobras, não será mais seu fiador

Ministros de Lula selam acordo pelo pagamento de dividendos extras da Petrobras

Maior empresa privada de energia da Argentina e maior produtora privada do gás de Vaca Muerta, a Pan American Energy (PAE) vê como importante os investimentos na ampliação da malha de gasodutos do país vizinho.

Segundo Alejandro Catalano, diretor-geral da PAE no Brasil, o gás de Vaca Muerta, segunda maior reserva de gás não convencional do mundo, tem ainda um grande potencial de crescimento.

Gás chegaria ao Brasil em 2025

Ele lembra que a produção da companhia aumentou de 2,5 milhões m3 por dia em 2015 para 13 milhões m3 cúbicos por dia em 2023. Ao citar a importância da infraestrutura, lembrou que parte da produção já é exportada para o Chile, por meio de quatro diferentes redes de gasodutos.

— A Argentina tem gás competitivo. Tem que ser feita infraestrutura para compartilhar esse gás com a região. Acreditamos que isso vai acontecer. É uma fonte competitiva para a região e a integração dos países. O gás é a ponte para o futuro — afirma Catalano.

Segundo ele, a Argentina tem investido na ampliação da infraestrutura. Ele cita a inauguração da Etapa I do Gasoduto Néstor Kirchner, conectando a região de Vaca Muerta a Saliqueló, na província de Buenos Aires.

Cita ainda a perspectiva de início das obras da Etapa II do gasoduto, de Saliqueló até San Jerónimo, de onde teria de ser feita uma ampliação para levar o traçado até o gasoduto que faz a conexão com a cidade gaúcha de Uruguaiana.

Catalano lembra ainda outro investimento importante que será feito este ano: a inversão do Gasoduto Norte na Argentina. Isso permitirá direcionar o gás para a Bolívia, cuja molécula, então, poderá ser integrada ao Gasbol:

— Potencialmente esse gás poderia chegar ao Brasil em 2025. Apesar da complexidade de ter mais países envolvidos, há necessidade de um gás competitivo. Por isso, acreditamos que é possível uma negociação.

A segunda possibilidade seria via Rio Grande do Sul. O gás entraria no estado, mas para isso seria necessário construir um gasoduto de Uruguaiana até Porto Alegre. A obra foi considerada prioritária no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) pelo governador Eduardo Leite.

Inversão do fluxo

Segundo empresas ouvidas pelo GLOBO, o desafio é o investimento necessário para isso. A obra, orçada entre US$ 1 bilhão e US$ 1,2 bilhão, nunca saiu do papel.

A TSB, que opera o trecho de 25 quilômetros que liga a malha argentina até Uruguaiana e o trecho em Porto Alegre, tem como acionistas Petrobras, Ipiranga, Repsol e Total. Cada uma tem 25% da empresa. Procurada, a Petrobras disse apenas que não é a controladora.

Se a ligação entre Uruguaiana e Porto Alegre sair do papel, outra questão importante é que será preciso ajustar o Gasbol. Hoje, o gasoduto é uma “via de mão única”, seguindo do Mato Grosso do Sul em direção ao Rio Grande do Sul. Esse fluxo também teria que subir, passando a levar o gás da Região Sul para cima, para atender Minas Gerais, por exemplo, tornando-se uma espécie de pista dupla.

Um interlocutor do governo comentou que há empresas brasileiras interessadas em fornecer equipamentos, como canos, para a construção do gasoduto na Argentina. Mas, se quiserem realizar a obra, não poderão contar com a ajuda do BNDES, que atualmente só financia produtos e mediante apresentação de garantias. Um interlocutor do banco de fomento enfatizou que a liberação de recursos para financiamento de serviços está suspensa.

Elevada reinjeção

Segundo dados do Ministério de Minas e Energia, o Brasil produziu 130 milhões m3 de gás natural por dia em 2023. Entretanto, metade desse volume, ou o equivalente a 70 milhões m³, foi reinjetado, ou seja, voltou para o poço.

Outros 20 milhões não são comercializados no mercado brasileiro devido à queima, a perdas e ao consumo nas próprias plataformas. Com isso, sobram 40 milhões m³ para uma demanda interna estimada em 60 milhões m³ ao dia.

— Vaca Muerta é uma boa saída. Mais de 90% do mercado são dominados pela Petrobras. Como há pouquíssima competição, a empresa forma o preço. Um novo competidor seria muito interessante para nós — afirma Adriano Lorenzon, diretor responsável por gás natural da Abrace, associação que representa os grandes consumidores de gás e energia do Brasil.

Lorenzon explica que há algumas explicações para que os produtores reinjetem tamanha quantidade de gás. Uma delas é que o mecanismo aumenta a pressão e amplia a produção de petróleo. Outra é que o nível de contaminantes, com ênfase para o CO2, é muito alto.

Para construir a segunda parte do gasoduto, o governo anterior da Argentina anunciou que faria uma licitação. Um integrante do governo brasileiro acredita que Milei poderá abraçar a ideia, dadas as dificuldades econômicas perenes do país vizinho.

A liminar da Justiça Federal de São Paulo que afastou Pietro Mendes da presidência do conselho da Petrobras deixou o governo em minoria no colegiado, o que faz com que a União enfrente uma corrida contra o tempo para derrubar a decisão. O conselho da Petrobras conta com 11 nomes. Seis deles são indicados pelo governo, incluindo o presidente da estatal, Jean Paul Prates.

Outras quatro vagas são de conselheiros que representam os minoritários. E há uma conselheira em nome dos trabalhadores. Na semana passada, outra decisão judicial já havia afastado Sérgio Rezende do colegiado, que foi indicado pela União.

Com a suspensão de Mendes, o governo passou a ter apenas quatro representantes. Na sexta-feira, a Advocacia-Geral da União e a Petrobras recorreram da decisão.

Nos últimos meses, o conselho da Petrobras foi palco de divergências entre seus integrantes. Entre os temas divisivos estavam os planos de investimento da estatal, a estratégia rumo à transição energética — com a defesa do presidente da Petrobras de investir em eólicas offshore — e o pagamento de dividendos extraordinários, fator que se transformou em uma crise no governo e resultou em discussões no Planalto sobre troca no comando da empresa.

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Ontem, um dos representantes dos acionistas minoritários chegou a tentar articular a convocação de uma reunião extraordinária para eleger um novo presidente do conselho, mas a proposta foi recusada pelos conselheiros indicados pela União.

Mendes foi afastado com a avaliação de que haveria conflito de interesse por ocupar o cargo de secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia, ao qual a Petrobras está subordinada.

Pagamento de dividendos

O governo trabalha para derrubar a liminar antes do dia 19, quando está marcada a reunião do Conselho de Administração. Se até lá Mendes não for reconduzido ao cargo, a eleição do novo comando precisa ocorrer nessa data, de acordo com o estatuto da companhia.

A regra é que o presidente do colegiado precisa ser escolhido na reunião ordinária seguinte à vacância do cargo. Nesse quadro, a nova liderança é escolhida entre os próprios integrantes do colegiado, exceto Prates, por ocupar a presidência da empresa.

Era esperado que o tema distribuição de dividendos extraordinários fosse discutido nessa reunião. Caberia aos integrantes do colegiado fazer a recomendação da proposta que pode ser votada pelos acionistas em assembleia geral no dia 25.

No governo, auxiliares do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, e da Casa Civil, Rui Costa, contam votos com o temor de que a situação leve à recomendação de que se deve distribuir 100% dos recursos em caixa.

Caso Prates volte a se abster sobre o tema, como fez na última votação, o governo correria o risco de ficar com a votação empatada. A regra é que o desempate cabe ao presidente do colegiado, seja quem for o ocupante do cargo naquela data.

A origem da crise dos dividendos extraordinários é a preocupação do governo em garantir que a Petrobras tenha fôlego para investir. Após a turbulência, foi formado um consenso no governo de que seria possível distribuir aos acionistas 50% dos ganhos.

De acordo com uma fonte a par das discussões, a reunião do dia 19 ainda não tem uma pauta. Diante da incerteza, o governo não decidiu se vai enviar a proposta ao conselho para fazer essa recomendação ou se vai enviar diretamente para a Assembleia Geral de Acionistas no próximo dia 25. Levar o tema diretamente à assembleia não exclui todos os riscos. O papel do conselho é de recomendação apenas.

‘Interesses convergentes’

Em tese, o governo poderia indicar dois nomes de conselheiros para uma espécie de “mandato tampão”, mas a ideia foi descartada porque a assembleia de acionistas será no fim do mês. Em geral, a análise de indicações em linha com as regras de governança da estatal leva mais de um mês.

Cabe ao presidente do conselho a função de definir a pauta das reuniões, solicitar informações da companhia, pedir estudos e apresentações à diretoria.

Ontem, em evento no Rio, Silveira afirmou que decisão judicial se cumpre e que cabe ao governo recorrer, já que é decisão de primeira instância:

— Vejo com naturalidade de quem acredita na democracia. Tenho absoluta convicção de que ninguém é insubstituível, mas que é imprescindível a contribuição do profissional Pietro, não só para a Petrobras, mas também para todo o setor de petróleo, gás e biocombustível.

Silveira afirmou não temer paralisia do conselho:

— Nós não deixaremos haver paralisia do Conselho. Parece que há um clamor muito grande por se criar instabilidade. É preciso ser cuidadoso para tratar de temas tão sensíveis de interesse nacional.

No recurso apresentado à Justiça, a AGU cita parecer técnico que nega conflito de interesse e afirma que eles são “convergentes e não conflitantes”. O documento afirma ainda que a decisão afronta interesses da União como controladora e que “viola princípios da legalidade, na medida em que todas as restrições legais foram observadas no processo de indicação”. A AGU também vai recorrer da decisão que afastou recentemente Sérgio Rezende.

Na avaliação de um especialista, os efeitos da vacância no comando do conselho são percebidos. “Adia decisões e pode afetar o valor da companhia”, disse um analista. Ontem, as ações ordinárias (com voto) recuaram 0,81%, a R$ 40,30.

Processo na CVM

Antes de Mendes ser eleito em assembleia, o Comitê de Pessoas da Petrobras avaliou que ele não poderia ser eleito por conflito de interesses pelo cargo no Ministério. Para assumir, deveria se desligar da posição ocupada na pasta que o indicou.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) também apresentou parecer contrário tanto à nomeação de Mendes quanto a de Rezende, indicado pelo Planalto. No caso dele, por filiação partidária — ele era membro titular do diretório nacional do PSB. Ainda assim, eles foram eleitos com a prerrogativa de que a decisão final é dos acionistas.

A CVM abriu processo administrativo sancionador para apurar o caso sob a ótica do mercado de capitais e considerando a posição do Comitê de Pessoas da Petrobras, mas ainda não há julgamento previsto.

O autor da ação que resultou na suspensão de Mendes já havia ajuizado outros dois recursos contra integrantes do colegiado, tendo conseguido o afastamento de um deles. O responsável pelas três ações populares é o deputado estadual Leonardo Siqueira (Novo), que está em seu primeiro mandato na Assembleia Legislativa de São Paulo.

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Ele havia protocolado em outubro passado outro recurso que pretendia barrar a assembleia geral que aprovaria, no mês seguinte, mudanças no estatuto da empresa, abrindo caminho para indicações políticas. Na ocasião, o pedido foi rejeitado.

Na semana passada, porém a Justiça atendeu ao pedido dele e afastou Rezende do conselho por não cumprir quarentena obrigatória após deixar o cargo no diretório do PSB. Siqueira pretende agora exigir na Justiça que os dois conselheiros afastados devolvam os salários que receberam como integrantes do colegiado.

Travel Next Minas: 2ª edição do evento anuncia novo espaço e curador de conteúdo (Área de palestras foi o espaço mais concorrido (Foto: Ronaldo Almeida/Divulgação))

As diretoras da Travel Next Minas, Rúbia Coser e Aline Glaeser, anunciaram o novo local e curador de conteúdo do evento. A feira de turismo, com foco nas agências de viagens, tem como palco o Expominas, na região da Gameleira, zona oeste de Belo Horizonte. Para fazer a curadoria de conteúdo foi escolhido Daniel Turbox, especialista em Inteligência Artificial (IA) e automação.

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Além de migrar para um espaço maior, com 6.100 m², a infraestrutura é muito mais moderna, com área de alimentação, três auditórios, tudo climatizado. As diretoras da feira – que acontecerá nos dias 16 e 17 de agosto – têm a expectativa de atrair 5.000 profissionais de turismo de todo o país e mais de 600 marcas. “Dobramos o espaço da Travel Next Minas e queremos posicioná-la entre as quatro principais feiras do país”, afirmam Rúbia e Aline.

Em 2023, a Travel Next Minas fez uma estreia para lá de promissora, reunindo mais de 2.260 agentes de viagens, tanto de Minas Gerais quanto de mais de 17 Estados, que, somados aos profissionais expositores, totalizaram 3.500 profissionais de turismo para explorar uma oferta de 300 marcas e gerando R$ 40 milhões em novos negócios, segundo apurados pelo Sebrae Minas.

Estandes

A ideia para 2024 é crescer ainda mais e ampliar a experiência do agente de viagens, conectando-o às novas tendências do mercado e aos novos tempos para falar de sustentabilidade, inovação, geração de negócios e oportunidades tecnológicas e também para promover os produtos turísticos de Minas Gerais. Para isso, há uma projeção de 800 agentes nas FAMTRAVEL’S, nome dado aos famtours.

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Com o slogan “O próximo nível do agente de viagens”, a segunda edição propõe uma verdadeira experiência, mudando os conceitos das feiras de turismo e trazendo novidades tanto na estrutura quanto no conteúdo. Os smart stand de 50m² e 100m² foram personalizados para atender melhor à demanda de operadoras âncoras, que já ficaram bastante impressionadas com o volume de negócios no evento de 2023.

Conteúdo

Outro diferencial é a entrega de conteúdo aos agentes de viagens: serão dias de programação distintas, com a participação de palestrantes, experiências gastronômicas e culturais. O espaço Travel Tech terá o desafio de ensinar os agentes de viagens a experimentarem as ferramentas de tecnologia e inovação. A tecnologia será, por sinal, uma das grandes apostas da feira: a gamificação do evento terá um protagonista, o Robô Concierge. A introdução de mecanismos e dinâmicas de jogo pretende despertar e motivar os participantes da feira. Os agentes de viagens e os destinos turísticos serão convidados a participarem de uma ação inédita. O nome do Robô inclusive será escolhido em uma ação pré-evento.

O Travel Wellness será dedicado aos hotéis e pousadas cuja essência é colocar o hóspede conectado à natureza, privilegiando o bem-estar. O espaço Wellness & Spa vai oferecer uma experiência para os cinco sentidos: entre uma palestra e outra, o agente de viagens poderá relaxar com massagens e abordagens terapêuticas como aromaterapia e reflexologia, entre outros tratamentos. Com curadoria de Marcelo Zingalli, referência no segmento de luxo, o Travel Lux reunirá em 100 m² empresas que prezam pela elegância, sofisticação e exclusividade. O agendamento prévio deverá ser feito pelas agências Lux.

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Para facilitar a vinda de agentes de viagens de outros Estados e do interior de Minas, a Travel Next Minas organizar famtravel aéreo e rodoviário. As informações serão divulgadas agora em março pelo site ou no perfil da feira no Instagram. No famtravel, o participante promoverá networking, participará de famtrips em Ouro Preto e Mariana, de um tour gastronômico na capital mineira e atingirá o próximo nível em capacitações com profissionais renomados do mercado.

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Acionista majoritário da SAF do Botafogo, John Textor não deixou o Vasco e a WTorre incluírem o Alvinegro na proposta de licitação pelo Maracanã, contra a dupla Fla-Flu. O proprietário norte-americano tem uma relação boa com Rodolfo Landim, presidente do Flamengo. Ao magnata, portanto, não convém ficar do lado contrário ao rubro-negro nesta questão.

Consórcio do Vasco, o Maracanã para Todos citava, em carta, um documento comprobatório com a SAF do Botafogo, algo que não aconteceu. Houve um diálogo entre os dois clubes, porém, o molde deste negócio não avançou justamente por causa de John Textor. O Cruz-Maltino, no texto, afirmou que contava com o Glorioso, Santos e Brusque para ter um somatório de partidas na briga contra a concorrência.

Segundo o site “ge”, a proposta do Vasco incluía a cessão de número de jogos do Alvinegro como mandante do Maracanã e ainda contemplava possível compartilhamento de “operação do equipamento”. A oferta do Vasco, aliás, contava com a aceitação do Botafogo em ser mandante em jogos do Maracanã.

“Seus principais jogos, clássicos e mata-mata precisam ser realizados no complexo para que suas grandes torcidas possam comparecer em peso para apoiar o Gigante da Colina e o Fogão”, afirma um trecho da proposta cruz-maltina.

Mesmo com o “não de Textor”, o Vasco manteve o nome do Botafogo na carta. Citados também, Santos e Brusque, por sua vez, tiveram documentação comprobatória anexa no documento.

O mandachuva mantém a neutralidade na briga entre Vasco e Fla-Flu por duas razões. A proximidade com Landim e o interesse em promover melhoras e reformas no Estádio Nilton Santos, como arquibancadas mais próximas do campo e restaurantes na área interna. O norte-americano, portanto, não tem o interesse de sair do Colosso do Subúrbio.

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A semana começou com uma menor pressão sobre o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, o que sinaliza a garantia de sua permanência no cargo, ao menos por enquanto. No Palácio do Planalto, ontem, o que se ouvia de auxiliares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva era que “a poeira baixou”.

O desenho da reunião marcada e desmarcada do último domingo — na qual participariam os ministros Fernando Haddad (Fazenda), Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Silveira (Minas e Energia) — não ocorreu ontem. Lula se reuniu apenas com Haddad, durante meia hora no início da noite. Antes do encontro, o ministro garantiu que não trataria do tema de saída ou não de Prates com o presidente.

“Não é da minha alçada. Eu não discuto isso (sucessão na estatal) com o presidente. O que eu discuto com o presidente são cenários econômicos da empresa e do Executivo”, disse Haddad, que deu sinalizações de que o debate sobre a distribuição dos dividendos — que vinha sendo ponto de discórdia do presidente da Petrobras com parte do governo — está equacionado.

Ao ser questionado sobre o assunto de dividendos, Haddad afirmou que a Petrobras é que decide, mas acredita que “está bem encaminhado”, o que sinaliza estar mais a par do que ocorre internamente na empresa do que suas palavras revelam. E seguiu:

“A gente tem levado muitas informações para o presidente Lula sobre a situação do caixa da Petrobras. Tenho falado com alguns diretores e conselheiros para que o presidente tenha tranquilidade, que o plano de investimento da Petrobras não vai ser prejudicado por falta de dinheiro. Não é esse o problema”, disse.

Haddad acrescentou que essa situação de equilíbrio financeiro vai dar segurança para que os conselheiros da estatal decidam sobre os dividendos extraordinários. “Isso vai dar segurança e tranquilidade para que os conselheiros da Petrobras decidam com tranquilidade. Está bem encaminhado isso. Os números estão chegando, estão consistentes com o que imaginávamos que era a situação do caixa da Petrobras. A empresa está robusta. Está com um bom caixa. Está com um bom plano de investimento”, completou.

Empresa dilapidada

O ministro seguiu explanando sobre os planos na Petrobras aos jornalistas e disse que o desafio é “porque a empresa não estava mais sendo preparada para investir” e que estava “sendo dilapidada”.

“Agora, tem a reversão desse quadro, para o bem do Brasil e da empresa. São investimentos rentáveis”.

Haddad é tido como um aliado de Prates e quem estaria defendendo sua permanência no comando da empresa. Um pedido de Lula foi atendido, ao menos ontem, de que essa crise que envolve o dirigente da estatal e Alexandre Silveira, especialmente, não alcançasse o noticiário. Ou seja, que nenhum deles emitisse declarações sobre o assunto.

Os últimos dias foram de turbulência. A saída do presidente da Petrobras era dada como certa, e nomes foram especulados para seu lugar, como o do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante. Nos bastidores, interlocutores do Planalto trataram como “açodamento” a circulação dessa informação, vazamento atribuído ao próprio dirigente do BNDES.

Haddad disse ter tratado com Lula da reforma tributária. O Executivo deve enviar, semana que vem, ao Congresso Nacional, os textos dos projetos que complementarão essa emenda constitucional, aprovada no final do ano passada na Câmara. O ministro informou que a reforma seria o principal assunto de sua conversa com o presidente.

“Precisamos fechar alguns temas da reforma. Estamos nas últimas reuniões para preparar o despacho para o presidente. Vai sair do Executivo, vai passar pelo Congresso e vai sofrer todo tipo de sugestão, recomendação e pressão. A mensagem (enviada ao Congresso) é assinada pelo presidente. Tem pontos mais sensíveis. Importante que ele conheça antes de encaminhar”, disse Haddad.

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